Estudo realizado pelos mesmos pesquisadores que previram o caos sanitário em Manaus no final do ano passado, e que orientaram a Prefeitura de Curitiba a fazer lockdown no mês de março, avalia que a pandemia de covid-19 pode aumentar muito a média de mortes diárias em Ponta Grossa nos próximos dias.

A nota técnica emitida em virtude do estudo destaca o bom desempenho da cidade de Ponta Grossa ao tomar medidas mais duras de restrição de mobilidade no mês de março, fazendo com que a média do número de contaminações e mortes diminuísse.

No entanto, de acordo com o pesquisador Lucas Ferrante, biólogo epidemiologista e pós-doutorando no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a cidade pode chegar a ter uma média que varia entre dez e quinze mortes todos os dias se não forem tomadas medidas mais restritivas.

O estudo foi realizado por pesquisadores(as) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de São João Del Rei e Universidade Federal do Amazonas, encomendado pela APP Sindicato. As análises e recomendações se baseiam no modelo computacional SEIR (Susceptíveis-Expostos-Infectados-Recuperados), que considera dados epidemiológicos, taxas de vacinação e mobilidade urbana da população de dez cidades do Paraná, Ponta Grossa entre elas.

“Nossas recomendações, neste momento, para Ponta Grossa, é a aplicação imediata de medidas restritivas. O retorno às aulas no modelo presencial, por exemplo, não pode acontecer em hipótese nenhuma. As simulações que fizemos no estudo mostram que só será seguro o afrouxamento de medidas restritivas quando 70% da população estiver vacinada. O risco de se ignorar essa recomendação é o aumento do colapso do sistema de saúde, aumento expressivo de mortes, sequelados e até o surgimento de uma nova variante do coronavírus, com a possibilidade dessa variante ser resistente às vacinas”, disse o pesquisador Lucas Ferrante.

Para o presidente do Núcleo Sindical da APP-Sindicato em Ponta Grossa, Tércio Nascimento, é uma irresponsabilidade determinar a volta ao modelo presencial de aulas. “Esse estudo mostra claramente que não é o momento para que os alunos voltem para as salas de aula. As nossas UTIs estão lotadas. Não podemos correr o risco de começar uma nova onda de contaminações e óbitos com números que temos, que já são muito altos”, avalia.

O presidente do Sindicato dos Técnicos e Docentes da UEPG, Plauto Coelho, alerta sobre os perigos da retomada de aulas também na Universidade. “O estudo comandado pelo biólogo Lucas Ferrante diz que fechar escolas e universidades é mais eficiente até do que fechar o comércio e do que restringir reuniões com até mil pessoas. A partir disso percebemos que o retorno às aulas presenciais poderá acarretar um problema muito sério para toda a cidade”.

Confira o estudo na íntegra

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